Veja um pouco do que aconteceu no Dia 1!
O primeiro dia do 9º Congresso Internacional de Ciências da Longevidade Humana foi marcado pela presença dos médicos palestrantes internacionais, o belga Dr. Thierry Hertoghe, o americano Dr. Tom O’ Bryan, Dr. José Irineu e o médico anfitrião da Longevidade, Dr. Ítalo Rachid.
A jornada apenas começou, mas já houve imensa movimentação e troca de experiências.
Terapias Nutricionais e Hormonais, Dieta e Atitudes Psicológicas do Centenários
Dr. Thierry Hertoghe iniciou sua participação reforçando o propósito da reunião de tantos médicos no 9º Congresso Internacional: “estamos aqui para descobrir formas de tentar prolongar a vida, adicionando anos de vida saudável” afirmou.
Para isso, Dr. Thierry abordou os poderes da prática de exercícios regulares moderados, da respiração, da meditação transcendental, das emoções positivas, do bom humor, do otimismo, do sono reparador e da alimentação saudável.
Em resumo, todos estes fatores contribuem para uma maior sobrevida, desde que haja razoabilidade e conforto em sua prática.
A atividade física vigorosa, por exemplo, deve ser praticada e contribui com um aumento de 50% da sobrevida. Entretanto, este resultado positivo somente se aplica, se houver prazer na prática. Caso contrário, a atividade cíclica moderada fará mais efeito.
Segundo o médico, “estamos neste mundo para fazer nosso destino acontecer. E isso só se faz com bem-estar”.
A afirmação foi corroborada pela história de pessoas cuja idade ultrapassa os 100 anos.
Embora a predisposição familiar seja um fator significativo quando o assunto é vida longa, o segredo dos centenários se resumiu à vida focada no presente, à valorização das pessoas, das relações e das coisas, por mais simples que sejam, e principalmente, ao respeito e à aceitação das etapas a que estamos sujeitos, como é o caso até mesmo da morte.
Centenários são, em sua maioria, pessoas de espiritualidade extremamente desenvolvida, que buscam compreender inclusive a existência ou não de vida após a morte.
De forma prática, Dr. Thierry Hertoghe recomendou dar início àquilo que contribui com a longevidade o quanto antes seja possível, principalmente com relação ao cuidado e gerenciamento das emoções, porque nos adultos o sofrimento psicológico dobra a mortalidade, à medida e que reduz a telomerase e os telômeros através do processo oxidativo, e pode representar 10 anos a menos de vida.
Além disso, mencionou os benefícios da hormonioterapia em casos diversos e detalhou doses adequadas para cada perfil de paciente.
Segundo Hertoghe, com o hormônio ocitocina é possível auxiliar para que um paciente fique mais extrovertido e tenha maior sensação de alegria, resultando em maior bem-estar geral.
O hormônio testosterona deve ser usado em mulheres, sendo um importante auxílio no tratamento da depressão e de doenças cardíacas, contudo deve-se atentar para as particularidades de cada caso, já que este hormônio age como progesterona mas pode agir como estradiol.
Ademais, o hormônio do crescimento nos primeiros 6 meses aumenta a glicemia e insulinemia, então nos pacientes diabéticos a dose precisa ser reduzida inicialmente para que o caso seja controlado e, posteriormente a dose seja aumentada.
Por fim, Dr. Hertoghe concluiu que a vida longa e saudável está ligada principalmente ao equilíbrio emocional, à prática de atividade física, à ingestão de água, ao máximo de duas boas refeições diárias, preferencialmente ricas em frutas, verduras e peixes, à meditação e à vida social.
É assim que vivem os centenários e é assim que o palestrante afirmou viver!
Dieta Livre do Glúten – Um Campo Minado: Os Perigos da Retirada do Glúten e Como Proteger seus Pacientes
Na parte da tarde, Dr. Tom O’ Bryan recebeu os congressistas com uma história familiar que ilustrou brilhantemente o tema de sua palestra.
Aos 84 anos, sua madrinha teve de ser levada ao hospital às pressas em razão de uma dor abdominal grave e lá recebeu o diagnóstico de que 96% de seu fígado estava comprometido com esclerose hepática supostamente ocasionada pelo excesso de bebida alcoólica.
Só havia um porém: a madrinha de Tom O’ Bryan não bebia.
E foi assim que ele deu início a sua explicação sobre os prejuízos do consumo do glúten.
A doença celíaca pode afetar o fígado e a única manifestação pode ser apenas o aumento das enzimas hepáticas, assim como faz a bebida alcoólica.
O glúten primeiro aumenta a permeabilidade intestinal para o fígado e os anticorpos anti-glúten atacam diretamente o fígado também.
Segundo um estudo apresentado durante a aula, “uma pessoa com doença celíaca tem 600% a mais de chance de hepatopatia posterior”.
Por esta razão, o palestrante fez um apelo aos presentes: não dá para focar apenas em sintomas, como todos estão fazendo há muitos anos – ressaltou ele – porque quatorze das 15 principais causas de morte são as doenças inflamatórias crônicas, finalizou.
Durante toda a sua exposição, também foram enumeradas uma série de doenças autoimunes, desencadeadas por este cenário inflamatório decorrente da permeabilidade intestinal, acarretada pelo consumo do glúten, finalizando o doutor com a afirmativa de que todas as doenças começam no intestino.
A tireoidite hashimoto, a psoríase e uma série de outras doenças, podem ter seus sintomas reduzidos em 65% dos pacientes que têm uma dieta sem glúten, sejam eles celíacos ou não.
Na parte 2 da palestra, o Dr. Tom O’ Bryan abordou a importância de tratar a saúde a partir do intestino, mas ressaltou os perigos da retirada completa e desorientada do glúten da dieta.
A orientação foi de que os médicos tentem educar pacientes celíacos ou não sobre os malefícios do glúten, mas que proponham a modulação intestinal visando a construção de um microbioma diverso e saudável.
Segundo ele, o sistema imunológico não enlouquece sozinho, é preciso descobrir o porquê da sua hiperatividade. A doença inflamatória crônica é a causa mais significativa de morte hoje e o glúten é seu maior desencadeador.
Contudo, a retirada completa e desorientada acaba por fazer com que as pessoas também deixem de consumir nutrientes de extrema importância, o que também pode contribuir para doenças inflamatórias e desequilíbrios.
O ideal é evitar toda e qualquer exposição ao trigo, mas se faz necessário o fornecimento de alternativas importantes como a dieta do arco-íris, o consumo de prebióticos e probióticos, de alimentos orgânicos, o uso de vitamina D e óleos de peixe, tudo que permita o refazimento da mucosa e reconstrução do microbioma.
A Importância do Exame Genético para a Longevidade Saudável
Dr. José Irineu também esteve no primeiro dia do 9º Congresso para abordar rapidamente a importância do Exame Genético para os cuidados de saúde e a longevidade saudável.
“A genética é fundamental para sabermos o que acontece com os pacientes. A epigenética dá o tiro, mas a genética diz onde ele vai acertar”, iniciou.
Um grande problema enfrentado por muitos médicos é a fidelização de pacientes, porque eles precisam de algo concreto para tratar, senão abandonam o tratamento.
Portanto, além da importância para a clínica médica em si, o exame genético contribui também com a resolução do problema de abandono dos cuidados de saúde, porque permite a proposta de um cuidado objetivo, frente à predisposição de desenvolvimento de problemas detectáveis pelo exame.
Para a longevidade este é um fator de extrema importância, especialmente em razão da antecipação que permite a adoção de cuidados preventivos.
Além disso, o DNA define genes e suas funcionalidades, tais como características reacionais, musculares, dentre outras.
Assim, tratamentos, terapias, fórmulas nutricionais, tudo pode ser definido de forma mais específica e personalizada à genética de cada paciente.
Glicocálix Endotelial – Revolução na Prevenção Cardiovascular
Para finalizar o primeiro dia, Dr. Ítalo Rachid subiu ao palco, onde deu início a sua aula cumprimentando a todos os congressistas e parabenizando especialmente aqueles que estavam presentes pela primeira vez.
Contou brevemente a sua história e deu sequência a sua exposição: “espero que saiam daqui hoje, apaixonados pelo endotélio como eu”, desejou.
No primeiro momento, Dr Ítalo desmistificou a crença limitante de boa parte da medicina ainda hoje sobre a relação entre colesterol alto e infarto.
Orientou que os médicos devessem começar a se preocupar em reequilibrar todos os hormônios dos pacientes, antes de começar a pensar em medicá-los.
Segundo ele “a colesterolfobia tornou-se uma epidemia nacional” e diversos estudos já comprovam que a ideia de que o colesterol é causador de infarto é uma ideia impossível, haja vista que na maioria dos casos de infarto as respectivas taxas estão absolutamente normais.
A palestra foi desenvolvida com evidente paixão pelo tema, tendo o Dr. exposto as funções endoteliais de:
- manutenção do tônus vascular e da pressão arterial em níveis fisiológicos;
- barreira de transporte e controle da permeabilidade vascular.
- propriedades anti-trombótica e fibrinolíticas;
- modulação das interações complexas entre a parede vascular e plaquetas e leucócito circulantes;
- secreção de vasto leque de moléculas vasoativas que regulam inúmeras funções;
Segundo Dr. Rachid, é preciso que os médicos passem a olhar para dentro, para o meio interno, para tentar compreender o porquê das disfunções do endotélio e da inserção de colesterol naquela região pelo sistema imunológico.
E assim, encerrou o primeiro dia, convidando a todos os presentes a deixarem de se ater às notícias, que vitimizam pacientes e os próprios médicos, para que se atenham aos estudos, à clínica e aos conhecimentos das ciências da longevidade.
Apenas o começo!
Este foi apenas o primeiro dia do 9º Congresso Internacional, mas muito conhecimento já foi compartilhado.
Ainda há muito para acontecer!